domingo, 1 de agosto de 2010

Despedida

Então mais lágrimas caíram. Os gestos robóticos voltaram e ela, automaticamente, retirou as manchas do rosto, secou a face com delicados algodões e refez a maquiagem pela quarta vez. Em pouco tempo a máscara já estava refeita e ela encarava olhos sem expressão.

Do outro lado do espelho um corpo sem vida a encarava. Ela poderia sentir a dor que crescia constantemente, querendo arrebentar sua garganta e explodir suas veias, se não estivesse tão submersa em seus próprios solidão e lamentos. Era isenta de qualquer sentimento, estando ali apenas em corpo e já não mais em alma. Quase não sentiu a pequena mão que tocou seu ombro numa tentativa de conforto.

- Vou estar aqui.

- Não será de muita ajuda se estiver chorando. Preciso do seu sorriso.

- Eu vou estar pra sempre aqui.

E no momento seguinte as duas estavam a centímetros de distância, uma encarando os olhos da outra. A pequena criatura loira soluçava, com os olhos azuis vermelhos e brilhantes. Abraçou a morena e colou os lábios na pele macia do pescoço. “É hora de ir”, sussurrou, e deu um leve empurrãozinho na outra.

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