sábado, 14 de agosto de 2010

Quebra-Cabeça


Sabe, eu sempre fui de me apegar muito as pessoas. Já tinha tido várias melhores amigas antes, não tenha dúvida, mas você era diferente de tudo o que já tinha passado pela minha vida. São várias as características que te diferenciavam das outras. Primeiro, antes de virarmos amigas eu sempre te vi como um monstro cruel e falso e eu te odiava muito, mesmo. Segundo, você ia totalmente contra meus princípios. Terceiro, você estava sempre paquerando os meus paqueras, sem se importar se eles eram do meu passado, presente ou sonhado futuro.

Éramos totalmente diferentes, mas eu acabei gostando de você. Não sei porque: provavelmente é simplesmente porque tenho tendência a preferir coisas ruins. Não estou te chamando de ruim, mas você sabe que, para pessoas como eu, é muito mais seguro ficar longe de pessoas como você.

Aos poucos, fomos nos adaptando, até que estávamos até que parecidas. Mas essas coisas em comum eram só superficialmente: eu ainda era bobinha e você a vilã, eu ainda era frágil e você forte, eu ainda queria casar e ter filhos e você ficar com cinco caras numa noite só.

Depois que conheci novos mundos acabei me enjoando de tudo e, depois de receber inúmeras patadas, simplesmente aprendi que não era isso que eu queria e que o melhor para mim seria me afastar. Você foi difícil, no começo. Por vezes me fez pensar que não daria certo sem uma amiga me acordando de madrugada para contar coisas inúteis, ou então deixando de contar coisas importantes por ter medo da minha reação como pessoa conservadora.

Mas depois eu me acostumei. Um dia simplesmente não quis mais saber de você, te dei um chute na bunda e uma facada nas costas (para não ser tão malvada e fazer pelo menos um curativo, feliz aniversário atrasado).

Não sei você, mas algumas vezes eu realmente sinto falta dos dias que passei ao teu lado. Mas eu consigo pensar nas coisas ruins que você fez para mim e então fico bem novamente.

A intenção do texto era, na verdade, te agradecer pelo tempo que você ficou comigo. Fugi totalmente das minhas intenções, perdoe-me. Falando em perdoar, eu perdôo você. Não sei se queres meu perdão, mas de qualquer forma estou dando. Porque desde a primeira vez que eu te vi, quando eu ainda te odiava, sabia como você era. Você é assim: fria. E nem sempre isso é ruim, não estou tentando te ofender. Você sabe que é assim e pronto. Da mesma forma que eu sempre soube que pra você não teria problema me passar a perna, ficar com o grande amor da minha vida ou me largar por um garoto qualquer. Eu sempre soube mas tive esperança de que talvez você mudasse, pois nossa amizade era realmente valiosa.

Vai marcar pra sempre, pode ter certeza. Podemos nem olhar mais uma na cara da outra, mas não vou te esquecer. E eu parei de gostar de quebra-cabeças: exigem muito de mim e acho que já passei da idade para arranjar outro brinquedo. Espero que pra você esteja tudo bem: guarde suas peças em uma caixinha... Quem sabe no futuro poderemos nos reunir, tentar montar e simplesmente rir dos rumos de nossas vidas? Estou cuidando bem das minhas.

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